Porque é o Porto a próxima Meca da comida europeia.

Porque é o Porto a próxima Meca da comida europeia,  é a primeira publicação graças ao contributo de vários bloggers de viagens, gastronomia e vinho, que consideram o Porto um destino  emergente da gastronomia na Europa. 

Os participantes incluem Elena Paschinger, blogguer do Creativelena.com, Gabriella Opaz do Catavino.com, Rita Branco do oportoencanta.com, Vera Dantas do oportoenvolto.com, André Apolinário do Tasteportofoodtours.com e Arturo Bandini do thecitytailors.com.

Cada um de nós irá escrever no seu blog um pequeno ensaio sobre o porque de a cidade do Porto merecer estar na lista principal da gastronomia mundial. Queremos mostrar ao mundo que o futuro da gastronomia europeia passa por Portugal e o Porto será o grande vencedor.

Prólogo

Durante a Cimeira do Turismo da Gastronomia Mundial, que teve lugar no Estoril no mês passado, muito foi falado sobre o futuro do Turismo Gastronómico. Ian Yeoman falou sobre as tendências globais da Gastronomia, Matt Goulding deu-nos uma nota altamente inspiradora sobre como estamos a viver numa era de ouro da gastronomia, Kathy Dragon ensinou-nos como marcar um destino através da paisagem da sua comida e eu e Jodi Ettenberg falámos sobre a importância da comida, o facto de esta nos contar histórias e mostrar as suas comunidades.

Durante os intervalos e através de conversas informais ao jantar, podíamos ouvir serem feitas as mesmas questões:

O que reserva o futuro da gastronomia portuguesa?

Como é que a gastronomia portuguesa se pode destacar em relação às suas parceiras europeias ? 

Quem será o responsável por fazer isto acontecer?

Como é que nós enquanto comunidade podemos inspirar mais as pessoas a visitar Portugal e a provar a gastronomia portuguesa?

Estas foram questões perfeitamente legítimas para todos os que participaram e querem saber como tornar Portugal o próximo destino gastronómico da Europa. Sabemos que o mercado está cansado dos mesmos destinos. Todos nós já conhecemos Espanha, Itália e França como destinos principais do turismo gastronómico europeu.

Já todos viram El Bulli na TV, um prato feito por Paul Bocusse e concerteza também já sonharam com uma viagem gastronómica pela Toscana. 

Mas isto já foi feito e transmitido até à exaustão...

Não deixa de ser fantástico, claro que não! Mas já conhecíamos. Já sabíamos desde há muito tempo...

A mesma coisa para Londres e Copenhaga. Estas duas cidades trabalharam para ser destinos gastronómicos por conta própria. E é surpreendente quando nenhum dos países detentores destes territórios tinha sido aclamado como um destino gastronómico. 

Londres considerada a capital gastronómica da Europa desde há muito tempo, mostra que tem tudo para continuar a ser, tudo por causa da atitude e paixão que põem no que fazem. Têm uma enorme vontade de fazer crescer a indústria gastronómica. E estão a conseguir esse crescimento a todos os níveis, quer ao nível dos mais requintados estabelecimentos ou mesmo através de uma Revolução Alimentar inspirada por http://www.streetfeastlondon.com/ e http://britishstreetfood.co.uk/about/richard-johnson/, que leva a uma colossal oferta de bons restaurantes por toda a capital de Inglaterra. Ainda mas quando se fala de Shoreditch, Hackney, Dalston e outras áreas difíceis, que são agora mini centros gastronómicos por conta própria.

 

Assim como para Copenhaga...Matt Goulding escreveu no seu artigo Nomanomics para a revista Time como um único homem apenas com uma ideia  consegue mudar uma cidade, cultura e país através da comida.

Até chegar Noma, a cozinha nórdica consistia numa mão cheia de alimentos secos/ peixe defumado, algumas almôndegas e aguardente. Agora, como consequência da sua procura pela identidade e qualidade na cozinha, estão a surgir por todo o lado estabelecimentos de alta qualidade na capital dinamarquesa. 

Então e sobre Portugal? Como é que nós vamos conseguir que a nossa comida seja reconhecida pelo mundo?

Será através de um vitorioso jantar como Ferran Adrià ou René Redzepi?

Este icónico homem que só trabalha em luxuosos eventos e que os media cobrem como sendo alguém que faz coisas excitantes, exóticas, refinadas ou mesmo excêntricas com a cozinha de cada país. 

Este eterno sonho que, apenas com a estrela Michelin e no Ranking de Melhor Restaurante do Mundo pode ganhar a atenção dos media e influenciar toda uma linha de seguidores. 

Muitos destes, tiveram a sua influência culinária nos seus próprios países. Contudo, com tanto talento pelo mundo, e comparando-os ao presente rol de chefes de cozinha de luxo, eu tenho 100% de certeza que o próximo messias da gastronomia não vai falar Português a partir de Portugal.

 

Então, se a força evolucionária não está a vir dos céus, tem que vir da terra. Tem de vir do homem comum.

Ao fim do dia apenas uma mãe cheia de pessoas consegue aproveitar sentada durante 3 horas o sabor de peças de arte comestíveis.

Esculturas e pinturas feitas de comida que até dá pena destruir, acabam numa irreconhecível pasta depois de mastigadas algumas vezes. 

A maioria de nós gosta de saborear os simples prazeres ao virar da esquina quando viajamos. Estamos sempre à procura da pérola escondida, onde a comida é puramente local e onde podemos conseguir o verdadeiro sentido do espaço que estamos a visitar.

A comida de um país ou cidade não pode ser definida por ações de um só homem ou  pela oferta de um único estabelecimento. É (ou devia ser) feito o panorama de toda a oferta gastronómica e o quão elevado o seu nível de qualidade é.

 

Entra no Porto, Próxima Meca da Gastronomia Europeia! 

Abraçada pelo misticismo do Rio Douro e a antiguidade do Vinho do Porto, a cidade do Porto tem visto a sua comida tornar-se o mais importante impulso da gastronomia portuguesa, testemunhado até agora.

Este é sem dúvida um destino gastronómico democrático, onde não há um restaurante ou bar que faça por ficar acima numa competição. Despretensiosos, sem querer ser o que não são, sem servir fusões de comida ou tendências de restaurantes de moda. Tudo é 100% tradicional. E é isso que faz crescer o panorama gastronómico do Porto. Restaurantes locais, ingredientes regionais, receitas tradicionais, espírito positivo e forte carácter e ainda deliciosos sabores.

Numa mistura de pequenos restaurantes e novos pequenos restaurantes, as tascas, as casas de pasto, adegas do Porto, são todos bons! Honestamente. 

Falem com Andre Apolonário do Porto Food Tours, ou com a Gabriella Opaz de Catavino. Dois amantes da comida portuense, o primeiro pela origem e o segundo por escolha. 

 

Eles vão dizer-te como a comida que esta cidade oferece é puramente baseada em 10 pequeno espaços, alguns deles com mais de cem anos. No meu artigo Where to eat out in Porto, Andre diz que podia facilmente recomendar uma lista top 50, em vez de 10 e ainda deixaria alguns lugares fantásticos de fora... 

A verdade é que estes sítios não são espaços chiques ou vistosos. De modo algum! São frequentados por todas as classes e hoje em dia é muito comum ver um banqueiro a partilhar mesa com o carteiro em alguns destes minúsculos espaços. Isto é o que adoro nesta cidade, é tudo sobre comida! Nada mais! Sem drama, sem passadeira, barato e sem chefes celebridade! É tu, o cozinheiro (normalmente a mulher), o senhor do bar (normalmente o marido)  e o jovem ou a jovem ajudante (normalmente o filho ou a filha).

Lombo de porco mal passado, caldo de galinha caseiro, filetes de polvo fritos, pastéis de bacalhau, carne de porco frita, cozido à portuguesa, carne de porco refugada com cebola, e atum defumado com tomate confitado são uma mera amostra dos pratos típicos do norte de Portugal que fazem parte da identidade gastronómica do Porto. Este tipo de comida é servido em sítios como o que eu visitei na minha jornada inspiracional e de quem falei no meu Portuguese Travel Cookbook . Sítios como o Mercado do Bolhão, a Casa Guedes, a Gazela, o Alfredo Portista ou a Tasca da Badalhoca são o que de icónico tem o Porto e o que caracteriza esta cidade de forma tão especial.

Uma grande e merecida mudança daquilo que foi  a última impressão do Porto como sendo um cidade feia, que apenas interessavam as adegas do vinho do Porto do lado de Vila Nova de Gaia. Esta revolução gastronómica tem sido levada a cabo 50% por velhos locais e outros 50% por talento jovem, para quem o único propósito é produzir autêntica e deliciosa cozinha tradicional. Tal como as suas mães e avós lhes ensinaram.


Neste momento estás a pensar sobre: 

Porque é que não estou a considerar Lisboa?

Muito simples! O panorama da gastronomia em Lisboa é precisamente o oposto do Porto. Claro que há sempre restaurantes onde o principal é a comida portuguesa, mas já há muitos espaços com tendências e conceitos modernistas que nada têm a ver com o caráter tradicional da cozinha portuguesa.

Espaços onde se serve comida peruana ou asiática que na realidade nada têm de original, hamburgers e restaurantes de sushi ou os novos italianos. Para não falar dos vários restaurantes de classe baixa que surgiram com 15% de crescimento anual de Turismo em Lisboa.

Não me entendam mal, eu adoro Lisboa. Eu acho que é uma fantástica embaixadora para Portugal, considerada uma das maiores atrações da Europa no momento. 

Mas tens de ter a certeza do lugar onde vais comer, e a comida que te é oferecida é inconstante na sua qualidade. Daí eu ter publicado Where to eat out in Lisbon para mostrar o meu top de recomendações alimentares que ajudam o teu estômago e palato a deixar a decepção à distância. 

O Porto por sua vez, continua cru. Onde vais encontrar de certeza a tradicional e calorosa recepção e as boas regras da culinária do norte de Portugal. É uma pequena bolha de comida e bebida onde podes encontrar 50 anos de história numa pequena cidade portuguesa e é por isso que eu adoro esta cidade.

Agora tudo o que tens a fazer é agendar as tuas próximas férias no Porto.

Créditos fotográficos para o meu inspirador amigo Emanuele Siracusa.


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