NUTS Tour - crónica de um (quase) motorista

O grupo NUTS na caça à trufa em La Morra com Marco e Fido

O grupo NUTS na caça à trufa em La Morra com Marco e Fido

Ah! As viagens. São das melhores coisas que podemos oferecer à nossa existência. Esta não foi excepção! Tendo a Bella Itália como pano de fundo e Turim como anfitriã, muito pouco ou quase nada podia correr mal. Este grupo Nuts reuniu-se à volta de uma paixão: a gastronomia.

Já sabemos que os portugueses são capazes de fazer muitos quilómetros por uma boa refeição, e, neste caso, excedemo-nos! Juntaram-se pessoas de diferentes áreas como o jornalismo, a publicidade, a cozinha e a produção. E um fotógrafo que também foi chauffeur. Motorista, vá!

A cidade deixou-nos água na boca por todos os motivos. Pela história e pela sua arquitetura imponente, pelo enorme mercado onde a vida fervilha em torno de ingredientes que chegam das mais diversas partes de Itália. Pelos recantos onde facilmente nos podemos perder e, não menos importante, pela oferta gastronómica. Quer seja de alta cozinha ou simplesmente uma taberna  perdida numa viela onde fomos recebidos de braços abertos e sorrisos rasgados.

           

Há sabores que nos marcam. Quanto a mim ficou-me um que atravessou dois séculos e meio sobrevivendo nas ruas daquela cidade. Al Bicerin, um café com 255 anos, foi escritório do berço de Itália, onde Camillo Benso, conte di Cavour, primeiro ministro de Itália, discutia assuntos com o Rei, quando este saía da igreja do outro lado da praça. Humberto Eco dedicou-lhe uns quantos parágrafos no seu último romance. Receita simples: chocolate, café e uma espuma de nata tão cremosa que não esquecerei tão depressa.

 

Houve uma degustação de pizzas com champanhe logo no primeiro dia, só para percebermos bem onde estávamos, uma especie de boas vindas - ó tugas, vejam lá se aguentam tanta pizza. Da boa, evidentemente. Uma combinação improvável que nos deixou de rastos, literalmente, mas no bom sentido, claro. Nada que meia hora a rebolar por Turim de volta ao hotel não resolvesse o excesso de glúten. Valeu o esforço e vale a dedicação do Chef Massimiliano Prete em fazer massas de pizza com diferentes grãos, farinhas e processos de fermentação.

 

Um vermute no barolino Cocchi, outro segredo bem guardado. Sabia que o vermute nasceu em Turim e já vem desde Hipócrates? Nós também não, mas depois de o beber, ficámos a saber. Apesar de não ser apreciador deste tipo de bebidas, outrora feito com absinto, gostei bastante, confesso. Sobretudo dos pozinhos “perlim pim pim” que aquilo leva. Não se pode falar em Itália sem falar em gelados. Ah, pois, os gelados. Não haverá fotografias deles, nem menção a quem os comeu, não deu tempo de sacar da câmara para registar o momento. São assim de bons! Sorry.

 

Piemonte oferece-nos uma preciosidade única no mundo. A trufa de inverno, ou como é mais conhecida, a trufa branca. Foi lá que quisemos levar este grupo, já estafado, mesmo não sendo a altura para caçar esta pérola da gastronomia. Fomos fazer uma caça às trufas de verão, a trufa preta, bastante mais comum. Marco Varaldo foi o nosso caçador de serviço, com o seu Fido, um jovem de quatro patas e de nariz apurado, irmão de Lilla, filho de Roky, um veterano que naquela tarde repousava não muito longe dali. Mergulhámos numa pequena floresta perto de La Morra e fomos descobrir como se caçam estes cogumelos tão delicados, cheios de aroma e sabor. Encontrámos três trufas, duas pretas e uma branca, infelizmente a branca não estava em condições e as pretas estavam no final de época. Mesmo assim a experiência foi única.

 

Rematámos a coisa com uma jantarada na Locanda del Arco, um restaurante típico piemontês, a poucos quilómetros de La Morra. Provaram-se pratos regionais e fizemos questão de trazer as trufas que apanhámos e raspá-las abundantemente nos nossos pratos. Não faltou nada, sobretudo bom vinho, gargalhadas, excelente comida piemontesa e um regresso a Turim que foi épico. E aí é que foram elas, elas mesmo de verdade. Este humilde chauffeur que vos escreve, senhoras e senhores, manteve-se firme. Lá atrás na carripana, entre curvas e contra-curvas que serpenteavam as encostas de Piemonte, as vozes femininas soltaram as amarras e despejaram alegremente o cancioneiro Português no caminho de volta a Turim! Foi o que me valeu.

 

Uma viagem Nuts.

 

Repetimos?

 

Frederico van ZellerComment