Salone del Gusto 2018 - Slow food. Quick action!

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A NUTS organizou pela primeira vez uma viagem, uma verdadeira NUTS TOUR!

Saimos da nossa zona de conforto, a comunicação, e organizámos uma viagem. Fizemos as malas para Turim e o destino foi o Salone del Gusto, organizado pelo movimento slow food. O evento prometia e a nossa companhia ainda mais! Tivemos o prazer de partilhar esta experiência com a Alexandra Prado Coelho, o Artur Gregório, o Frederico van Zeller, o Miguel Laffan, a Kikas Lagoas e a Rita Beltrão e ainda se juntou ao grupo o nosso amigo Leopoldo Calhau. I portoghesi a Torino! Aqui fica um antipasto sobre o evento.

Patrícia Conde, Alexandra Prado Coelho e Artur Gregório a degustar ostras holandesas

Patrícia Conde, Alexandra Prado Coelho e Artur Gregório a degustar ostras holandesas

Regressamos de Turim com um misto de sensações. Se por um lado nas conferências e fóruns com os especialistas mundiais do impacto ambiental foi diagnosticada uma doença crónica e incurável para o planeta e para a humanidade, por outro conhecemos muitos projetos visionários, ativos na consciencialização dos produtores e consumidores um pouco por todo o planeta.

A grande questão é: a mudança a que assistimos será suficientemente rápida para restabelecermos o equilíbrio da nossa casa comum? Uma coisa é certa, por detrás dos grandes encontros mundiais sobre a mudança climática está sempre quem mais contribui para esta situação dramática: os grandes atores económicos. Mas ainda assim 75% da alimentação mundial está na mão da agricultura doméstica e de pequena escala.

E foram estes produtores que, orientados pelo movimento slow food, vieram mostrar o que se vai fazendo um pouco por todo o mundo sob a forma de presídios slow food que pretendem valorizar os produtos autóctones em via de extinção, defender a biodiversidade e os ecossistemas bem como as técnicas tradicionais e ancestrais de produção.
Tudo por uma boa alimentação buona, pulita e justa (boa, limpa e justa), o grande statement slow food.

Um encontro que reuniu este ano cerca de 220 000 visitantes e cerca de 900 expositores de 100 países. Números que nos mostram que todos juntos, à volta da alimentação, podemos mudar o mundo. Todos devemos ser protagonistas e a ação começa nas nossas escolhas. É a revolução “Food for change”!

Carlo Petrini, fundador do movimento slow food, na conferência que deu com Ferran Adrià no espaço Nuvola Lavazza deu um exemplo concreto: o óleo de palma.

A partir do momento em que o consumidor foi informado do impacto da produção intensiva de óleo de palma, começou a optar por produtos sem óleo de palma. Esta escolha refletiu-se diretamente na produção fazendo com que houvesse uma quebra significativa no número de produtores.

O consumidor informado é um verdadeiro agente de mudança, não é só o ato eleitoral que nos dá poder, é também o poder de escolha quando compramos.

Segundo Carlo, o conhecimento só pode ser holístico se a esfera tecnológica e o conhecimento académico estiverem em permanente diálogo com a realidade, se houver esta conexão com quem tem o saber empírico. Como nota final, Petrini encerrou afirmando: “A agricultura e a gastronomia estão atualmente na mão dos homens. É um erro. Esta questão ainda não está compreendida. A evolução tem de passar por maior reconhecimento e valorização da mulher. Não pode ser só o homem desta forma inequívoca. O saber tem de ser poder. As mulheres têm esse saber”.

Conferência no Nuvola Lavazza com Petrini e Adrià

Conferência no Nuvola Lavazza com Petrini e Adrià

Mais uma vez concluímos que a comunicação tem um papel fundamental em todo este processo: comunicar, informar, mudar. Conectar as pessoas com as realidades, com as histórias de quem produz alimento, apoiar esses produtores, levar o consumidor a fazer as escolhas mais acertadas.

 O balanço é muito positivo no entanto, no que toca à comunicação do evento, e apenas neste campo, não podemos deixar de dar uma nota.

O programa, bastante extenso para 5 dias era exigente, com conversas interessantes a acontecerem em locais dispersos e à mesma hora. Tivemos alguma dificuldade em obter informação adicional e, em nome da sustentabilidade, não havia programas impressos que nos valessem (a versão pdf tinha 140 páginas A4), a aplicação nunca funcionou durante o evento, o site e a inscrição nos workshops eram muito pouco user friendly e o staff no local estava pouco informado. É um evento mundial de grande escala e meritório, merecia uma trabalho de comunicação mais eficiente, Signor Petrini.

 

Em 2020 há mais! E a comunidade slow food já começou a organizar o próximo evento e a NUTS a pensar em outras paragens.

 

In food we believe!

Laura Lopes e Patrícia Conde da NUTS no mercado central de Turim

Laura Lopes e Patrícia Conde da NUTS no mercado central de Turim