Corfu à mesa

Este não é um roteiro gastronómico por Corfu.

Mas estou disponível para enviar por email a quem tiver interesse um pdf com todos os locais por onde passeei, estendi a toalha e me sentei à mesa para provar iguarias gregas. Esta é a minha experiência no restaurante que me conquistou nas minhas férias em Corfu, a ilha grega com 110 mil habitantes conhecida pelas suas praias à entrada do mar Adriático, com água em vários tons de azul e uma temperatura capaz de refrescar os dias quentes e abafados de agosto.


Corfu Old Town foi a zona onde pernoitei durante a estadia, por ser o epicentro da ilha no que toca à facilidade de deslocações entre cidades, restaurantes típicos e vida noturna, aspetos que fazem check às exigências de um grupo de 6 jovens (que se sentem muito pouco) adultos. Aqui as ruas são estreitas, muito movimentadas e com várias lojinhas de souvenirs umas seguidas às outras, em edifícios onde é notória a passagem do tempo, em tons terracota, verde e amarelo que lhes dão um ar pitoresco.

Depois de explorar a cidade o apetite começa a surgir e fazemos uma pesquisa rápida: “Typical restaurants you need to try in Corfu Old Town”. Há um que se destaca, o To Tsipouradiko, que fica a 19 metros de casa. Restaurante escolhido e descemos para jantar. Há uma fila absurda de pessoas à espera quando chegamos, o que nos deixa ainda mais expectantes. Esperamos pacientemente e, apesar do apetite que já todos sentimos, ainda abdicamos de uma mesa no interior para podermos apreciar as iguarias gregas numa mesa na esplanada; de férias o tempo parece correr de forma diferente e os momentos de espera dão lugar a conversas descontraídas. Uma boa hora depois sentamo-nos.

Na mesa há toalhas aos quadrados, loiça de bairro pintada à mão e um bloco com o menu, os pratos do dia e uma tabela para apontarmos o que queremos pedir. Perguntamos o que temos mesmo de provar e seguimos as sugestões do empregado. Pouco depois chega o nosso jantar, todos pratos para partilhar. Não foram precisas muitas garfadas para alguém desabafar: “Vamos comer mal o resto da semana”.

Bem sei que é ingrato ficar pela leitura da descrição dos pratos mas vou tentar colocar em palavras o que nos conquistou no To Tsipouradiko.

O famoso Tzatziki, acompanhado de grossas fatias de pão caseiro, onde sobressai o sabor do pepino; a salada grega com tomate, pepino, cebola, azeitonas e generosas fatias de queijo feta como nunca havia comido; saganaki, um queijo (de ovelha, vaca ou cabra) que é frito e regado com gotas de limão - cremosidade e acidez finalmente juntas num prato; feta roasted spicy para espalhar no pão pita - queijo e picante qb é combinação vencedora para mim; cretan bruschetta “dakos” que consiste numa fatia de pão embebido coberta com tomate picado, queijo feta esfarelado e alcaparras, di-vi-nal; para prato de carne escolhemos porco frito, muito idêntico ao comemos em Portugal e, por último e mais surpreendente, bacalhau frito.

Se há alguém que pode opinar sobre pratos de bacalhau somos nós portugueses e posso dizer com confiança que fora do país, foi o melhor prato de bacalhau que comi. Lascas bem macias, uma crosta dourada e um puré de batata com alho cru e vinagre. Tão bom que ficou prometido que tentaria replicar em casa. 

São pratos simples mas onde o sabor de cada ingrediente sobressai. Há texturas, temperos e fusões que nos são familiares da cozinha mediterrânea, mas com detalhes que nos conquistaram tanto que não conseguimos pedir sobremesa, de tão cheios que estávamos. Uma coisa que achámos engraçado é que não servem café depois da refeição! Não sei se estranharam pedirmos café às 23h da noite porque, pelo que percebemos, nem máquina de café tinham.

Não comemos mal o resto da semana, até porque tivemos de regressar uma última vez ao To Tsipouradiko, mas nenhum outro restaurante grego se igualou a este. Para mim esta viagem foi comprovar, mais uma vez, a sorte que temos em Portugal por ter uma gastronomia tão rica, diversificada e enraizada nas nossas tradições.

Artigo escrito por Inês Salgado

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